O número de trabalhadores por conta própria já totaliza 25,2 milhões no Brasil. O patamar é recorde na série histórica. No último trimestre móvel, encerrado em julho deste ano, a porcentagem de autônomos cresceu 4,7%, em comparação com o trimestre anterior. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados pelo IBGE.
Segundo o diretor-presidente do Sebrae, Carlos Melles, a pandemia foi a principal responsável pelo aumento do empreendedorismo entre os brasileiros. “Nós tivemos um acréscimo de vontade empreendedora de 75%, e destes, 23% são por necessidade, a pandemia os trouxe a serem empreendedores por necessidade”, diz Melles, citando dados de outra pesquisa, realizada pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor).
Júlia Carneiro, 31, é professora e moradora de Patos de Minas, em Minas Gerais. No início da pandemia, ela se encontrou desempregada após não conseguir fechar turmas para as suas aulas do Ensino Fundamental. “O trabalho era pela prefeitura, eu sempre pegava aulas por contrato, e com a pandemia não houve contratação”, explica.
A professora conta que, por morar com os pais, teve a sorte de não ter passado por dificuldades financeiras em casa, mas que, por outro lado, a situação não foi favorável à sua saúde mental.
“Foi angustiante, fiquei bem deprimida, sem saber o que fazer. As minhas despesas pessoais eu fui pagando com as economias que eu já tinha, mas depois de quatro meses eu decidi que não dava para ficar parada, eu tinha que fazer algo.”
Foi assim que Júlia decidiu abrir o próprio negócio de cosméticos. “É algo que eu amo, comprar e usar. Então seria mais fácil começar por algo que gosto e conheço bem. Hoje tenho o meu espaço em casa e trabalho com produtos a pronta entrega, cestas, presentes”, conta. O CNPJ ela já tem, mas Júlia ainda sonha em abrir a sua loja física. Isso sem abandonar as salas de aula: “Será um desafio para o futuro conciliar a loja com as aulas, mas não pretendo deixar de ensinar.”