Yasmim Sant'Anna, de 28 anos, coleciona memórias mágicas da infância de quando acompanhava o pai, Dedé Santana, de 89 anos, nos trabalhos na TV, cinema e, sobretudo, no circo. A certeza de que queria seguir carreira artística surgiu ali, sem ela se dar conta. Em conversa com a Quem, ela relembrou o início de sua trajetória.
"Minha infância foi quase como um sonho. Cresci acompanhando meu pai e até trabalhando um pouco em lonas de circo e em sets de televisão e cinema. Na época em que ele gravou Dedé e o Comando Maluco, tinha semanas em que eu saía da escola e ia direto para o Parque do Beto Carrero almoçar lá e passar o dia com ele. Eu sempre tive certeza de que seria artista. Gosto de pensar que está no meu sangue essa vocação. Vim de uma família de muitas gerações de artistas, mas acredito que crescer observando e vivenciando esse meio me influenciou muito também", conta.
"Já a minha paixão pelo circo foi pura simbiose. Sempre senti uma ligação muito forte com a mãe de todas as artes. Me sinto em casa, acolhida e emocionada cada vez que estou no picadeiro. É um legado de amor, família e resistência", completa.
Mesmo assim, a certeza de que queria transformar a paixão em trabalho foi acompanhada de alguns receios, entre eles, convencer o eterno Trapalhão e o de ser vista apenas como "a filha do Dedé".
"Quando meu pai percebeu que eu estava falando sério sobre ser artista, ele não gostou muito, não. Foi um pouco difícil para ele entender e aceitar. Mas quando finalmente aceitou, ele me disse que essa é uma carreira muito difícil porque a gente não depende só de talento, mas também de sorte. Quando eu era mais nova tinha medo de ser sempre 'a filha do Dedé' e não ter um nome, uma identidade ou ser repetidamente taxada por esse motivo. Ser filha de artista às vezes é uma loucura, mas há alguns anos, abraço essa familiaridade. Acho que ser filha de alguém tão importante assim para cultura brasileira só me acrescenta e me ensina", explica.
"É difícil até hoje entender a dimensão e a imensidão que é esse cara, mas desde pequena estou acostumada a ver o carinho das pessoas para com meu pai e por extensão comigo também. Acho que nunca teve um só lugar em que não teve pelo menos uma pessoa que foi até ele dar um abraço e agradecer pela participação dele na infância. É lindo de ver", continua.